De volta à origem, na Escola Nossa Senhora dos Navegantes, porém temporariamente, o grupo de danças urbanas Trem do Sul promete voltar com tudo em janeiro de 2018, já em nova sede. Os 11 anos de fundação, que transcorrem no dia 21 deste mês, não serão comemorados, até porque os participantes têm se reunido para ensaios apenas em datas próximas a eventos agendados.

O espaço ocupado anteriormente, onde funcionava o Centro de Treinamento Trem do Sul, era locado e o grupo teve dificuldade financeira para continuar custeando, explica Paulo Renato Correa Monteiro, o Paulinho do Trem do Sul, como é conhecido o criador da talentosa turma, que é coreógrafo e professor. O grupo carrega na bagagem participações e conquistas importantes em festivais no Brasil e fora do país.

O Trem do Sul obteve premiações no Rio Grande do Sul e no Festival Internacional de Dança de Joinville, considerado o maior evento de dança do mundo. Em 2013 participou do Justedebout, campeonato de hip hop em duplas em Paris, na França. Também se apresentou na Copa Sul-Americana de Hip-Hop e ganhou quatro vezes, garantindo vaga para o Campeonato Mundial de Hip-Hop Dance, em Las Vegas, nos Estados Unidos. Não foi pouca coisa: representou a Seleção Brasileira de hip hop e competiu com o mundo todo.

A vaga estava lá, mas o dinheiro não. Em 2014 finalmente conseguiram apoio financeiro para ir. Paulinho salienta que o grupo participou de quatro grandes festivais e que os últimos anos foram de alegria para a gurizada, que esteve presente em pelo menos sete desses eventos por ano. Foram convidados a participar de clipe do cantor Gabriel Valim. Inicialmente seria gravado apenas no Uruguai, mas acabou tendo cenas em Pelotas.

Conseguiram convencer o cantor que no município havia locações tão boas quanto no país vizinho. O resultado final está em vídeo com quase três milhões de acessos.

Com a arte no corpo
Paulinho pertencia ao grupo Piratas de Rua e resolveu criar o Trem do Sul, que já teve 30 dançarinos. Hoje está com 20, responsáveis por se revezarem nas apresentações. A partir dos oito anos já é possível se apresentar com eles. Atualmente, a faixa etária dos componentes vai dos 11 aos 20 anos. Aprendem a história das danças urbanas e a dançar. “A gente mostra o mundo da dança para eles”, diz o coordenador.

Embora não sejam necessariamente do Navegantes, onde o grupo foi criado, os integrantes do Trem do Sul vêm de vários pontos da cidade, a maior parte da periferia. “E já com a arte no corpo. A gente só apresenta o estilo da dança”, observa Paulinho. Henrique Souza, 20, trabalha com vendas e está no grupo desde sua criação. O Trem do Sul representa tudo para ele, segundo conta: “Além de dançar, me estruturou para várias outras coisas, me ajudou a conhecer pessoas e lugares, me apresentou outras visões. A gente aprende a ser melhor em grupo. Eles são minha família também”, assinala.

Há seis anos no Trem do Sul, o estudante Luan Pereira, 17, fala sobre a amizade. Segundo ele, a convivência é tanta que solidificou esse sentimento. “A gente é muito amigo”, ressalta.